Em 1998 a Marvel Entertainment lançava o filme “Blade – O
Caçador de Vampiros”, baseado nos quadrinhos do super-herói caçador de vampiros
e monstros. Esse filme que custou 45 milhões de dólares e teve uma receita de
130 milhões de dólares foi a semente plantada na cabeça de produtoras, grandes
estúdios e diretores para que mais filmes desse mesmo gênero fossem produzidos,
e depois de grandes sucessos e alguns fracassos de crítica e bilheteria,
chegamos a “O Homem de Aço”. O filme que colocaria Superman (o maior e mais
popular super-herói dos quadrinhos) de volta ao Cinema, uma tarefa das mais
complicadas.
Dirigido por Zack Snyder (Watchtmen, 300) e produzido por
Christopher Nolan (Trilogia Batman O Cavalheiro das Trevas), “O Homem de Aço” é
um filme que insere o Superman nos dias atuais e por mais fantástica que seja a
história de um bebê extraterrestre que é enviado a outro planeta por seus pais,
pois seu planeta natal está prestes e explodir, o filme é o mais “real”
possível. Não que o conceito de realidade seja primordial para qualquer filme,
muito pelo contrário, porém, o mundo onde um Superman totalmente humano,
bondoso e até certo ponto ingênuo não existe mais e é nesse mundo mais sério,
pesado e cruel que ele é inserido.
Esqueçam tudo que vocês já viram sobre o personagem nos
cinemas, pois apesar de usa elementos básicos da mitologia do Herói, usa da
liberdade criativa dos roteiristas e do diretor para mudar e acrescentar alguns
conceitos. Desde a origem de tudo em Krypton (Planeta Natal), até suas
motivações e desejos.
O ator Henry Cavill (Imortais, interpreta Clark Kent/Superman e não deixa a
desejar em nenhum momento e faz com que esqueçamos a atuação desastrosa de
Brandon Routh em Superman Returns de 2006. Cavill está bastante a vontade
interpretando um Homem de Aço sisudo e que ainda está buscando seu lugar na
sociedade.
Com um elenco estelar que conta com Russell Crowe
(Gladiador) que faz o papel de Jor-El, o pai biológico de Clark Kent e com
Kevin Costner (Dança com Lobos) que faz o papel de Jonathan Kent, o pai adotivo
de Clark, os dois personagens são de extrema importância para a trama e cada um
ao seu modo, são responsáveis pela formação do caráter do Superman.
A icônica jornalista do Planeta Diário e interesse romântico
de Clark Kent, Lois Lane, foi interpretada pela linda e ótima atriz Amy Adams
(Encantada, Os Muppets, O Mestre) que não é de hoje que vem sendo elogiada pela
crítica especializada (e pelo público em geral) mais por seu talento do que por
sua beleza.
Michael Shannon é o vilão General Zod que é um Kryptoniano
que foi exilado junto com seus subordinados na Zona Fantasma (uma espécie de
prisão atemporal) por traição contra o Conselho de Krypton, mas que após a
destruição do Planeta, conseguiram se libertar.
O filme de mais de duas horas mostra a origem, parte de sua
infância e adolescência, passando pela maturidade, até chegar aos seus 33 anos,
idade que passa a ter mais importância durante a projeção, pois é uma das
várias comparações e referências Cristãs que são nos fornecidas, pois desde a
uma conversa com um padre numa igreja onde sua imagem está praticamente
sobreposta a imagem de Jesus Cristo num vitral, até aos próprios dilemas e
questionamentos que Clark se impõe referente à qual seu papel na Terra e quanto
ele pode interferir na vida de todos.
Essa busca por respostas coincide com a chegada de Zod a
Terra que quer vingança contra o único do sangue da casa de “EL” ainda vivo
(Zod é inimigo de Jor-EL) e também quer de alguma forma salvar o seu povo,
mesmo que com isso a Terra seja dizimada.
Com um roteiro que prima por contextualizar e deixar todos
os assuntos mais claros possíveis e que não dá margem para aprofundarmos
psicologicamente em nenhum outro personagem a não ser Clark Kent/Superman, ele
peca em alguns momentos por ser tão didático e menos emocional. A montagem do
filme ajuda a manter essa característica urgência que a história se desenrola,
e na última parte do filme a luta final entre Superman e Zod é colossal, épica
e devastadora. Nunca se viu algo
parecido nos Cinemas.
Com uma fotografia mais pesada e sombria na maior parte do
tempo, contrastando apenas com as imagens claras e coloridas dos Flashbacks de
Clark quando criança, ela mantém o tom didático do filme.
Os efeitos visuais são espetaculares, desde a recriação do
Planeta Krypton com sua tecnologia única e seus animais alados bizarros, até as
cenas de luta do Superman contra Zod e seus subordinados. Repito, a luta final
é de uma grandiosidade e perfeição nunca vista. O 3D não acrescenta em nada, podem assistir a versão normal mesmo e pagar a metade do preço do ingresso que não vão perder nada.
“O Homem de Aço” é um grande filme, não é perfeito, mas
coloca a Warner/Dc Comics de volta a briga contra a poderosa Marvel Studios. A
dúvida que fica é a seguinte: Terá a Warner/DC Comics coragem de dar um passo a
mais e colocar todo seu panteão de personagens nesse mesmo Universo ?
A semente do Universo DC Comics no Cinema foi plantada, basta
regá-la com boas ideias, roteiros bem feitos, bons elencos e grandes diretores.
Nota 9,50
Marcio Alexander Luciano