terça-feira, 5 de março de 2013

A Justiça Seletiva dos Pontos Corridos ou a Democrática Injustiça dos Mata-Matas?


Quando os pontos corridos foram estabelecidos, a partir de 2003, no Campeonato Brasileiro de futebol eu tinha total convicção de que a CBF estava fazendo a coisa certa, pois os exemplos vindos da Europa com seus campeonatos espetaculares, cheios de craques e com estádios lotados em praticamente todos os jogos me faziam crer que o futebol brasileiro estava seguindo o melhor caminho e seu principal campeonato teria um belo “upgrade”.
Depois de 10 campeonatos disputados nesse formato eu sou obrigado a admitir que eu estava errado, pois no Brasil, um campeonato nacional em pontos corridos não é e dificilmente será justo. A tal justiça no Brasileirão não se faz somente com o campeão sendo o mais regular em 38 rodadas, “fez a melhor campanha o ano todo...mereceu”, ou “é um time com um plantel invejado, como tem opções o seu técnico??!!”, ou então “é campeão pois foi o time que mais investiu em contratações...”, um campeonato é justo quando todos os times tem a MESMA oportunidade e condições, coisa que não acontece no Brasil.
Nos grandes centros populacionais (SP, Interior de SP e RJ) os times desses estados largam na frente no quesito “barganha” com emissoras de TV e futuros patrocinadores, pois toda empresa ou rede de televisão quer ser lembrada ou vista pelo maior número de pessoas possíveis, e é nesse ponto da “barganha” que esses times conseguem, junto a TV (Globo), uma maior quota de dinheiro referente a transmissões dos jogos e o uso da imagem.
E o que isso tem haver com “Justiça ou Injustiça dos Pontos Corridos???” Eu respondo: Tudo!
Desde a primeira edição do Brasileirão nesse formato, o único time que foi campeão e que não é Carioca e nem Paulista foi o Cruzeiro –MG, e esse título aconteceu logo no primeiro campeonato, o de 2003. Os 9 campeonatos seguintes foram vencidos por Santos (2004), Corinthians (2005), São Paulo (2006,2007,2008), Flamengo (2009), Fluminense (2010), Corinthians (2011) e Fluminense (2012). Times de MG, PR e RS, desempenharam nesse período, algumas boas campanhas ou regulares, mas dificilmente brigando por título.

O exemplo a seguir é esclarecedor. O Botafogo, que em 2011 terminou o Brasileirão em 9° lugar com 56 pontos e que fez tudo errado tanto na administração do clube e do estádio Engenhão, nas contratações e que não teve apoio maciço de sua torcida (praticamente não tem sócio torcedores e péssima média de público) além de ter um lucro no final do ano maior que o Coritiba (outro time que usarei nesse exemplo), ficou apenas uma posição abaixo do Coxa e com 1 ponto a menos. O time paranaense, desde que retornou para a primeira divisão, tem feito todo o possível para manter uma postura profissional tanto na administração do clube quanto na política de contratações e tem um dos melhores planos de sócio-torcedor do Brasil. Enquanto um clube faz praticamente tudo errado o outro trabalha no seu limite administrativo e financeiro de forma correta e exemplar e no campo a diferença num campeonato de “pontos corridos” é de 1 mísero ponto!!?? E é claro, este time também ficou distante de uma possível luta por títulos ou vaga para uma Libertadores.
Num mundo ideal, onde um Campeonato de Pontos Corridos seja realmente justo, ele deve começar com a distribuição dos valores vindos da TV mais próxima possível do “igualitário” entre todos os 20 times da Primeira Divisão.
Somente um campeonato de mata-mata é capaz de fazer um Londrina (1979) e um Operário-MS (1977) disputarem uma semifinal de Brasileirão.
Em um campeonato de “Mata-Mata” a justiça está em democratizar a injustiça.


Marcio Alexander Luciano

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