Depois de 10 campeonatos disputados nesse formato eu sou
obrigado a admitir que eu estava errado, pois no Brasil, um campeonato nacional
em pontos corridos não é e dificilmente será justo. A tal justiça no
Brasileirão não se faz somente com o campeão sendo o mais regular em 38
rodadas, “fez a melhor campanha o ano todo...mereceu”, ou “é um time com um
plantel invejado, como tem opções o seu técnico??!!”, ou então “é campeão pois
foi o time que mais investiu em contratações...”, um campeonato é justo quando
todos os times tem a MESMA oportunidade e condições, coisa que não acontece no
Brasil.
Nos grandes centros populacionais (SP, Interior de SP e RJ) os
times desses estados largam na frente no quesito “barganha” com emissoras de TV
e futuros patrocinadores, pois toda empresa ou rede de televisão quer ser
lembrada ou vista pelo maior número de pessoas possíveis, e é nesse ponto da “barganha”
que esses times conseguem, junto a TV (Globo), uma maior quota de dinheiro
referente a transmissões dos jogos e o uso da imagem.
E o que isso tem haver com “Justiça ou Injustiça dos Pontos
Corridos???” Eu respondo: Tudo!
Desde a primeira edição do Brasileirão nesse formato, o
único time que foi campeão e que não é Carioca e nem Paulista foi o Cruzeiro –MG,
e esse título aconteceu logo no primeiro campeonato, o de 2003. Os 9 campeonatos
seguintes foram vencidos por Santos (2004), Corinthians (2005), São Paulo
(2006,2007,2008), Flamengo (2009), Fluminense (2010), Corinthians (2011) e
Fluminense (2012). Times de MG, PR e RS, desempenharam nesse período, algumas boas
campanhas ou regulares, mas dificilmente brigando por título.
O exemplo a seguir é esclarecedor. O Botafogo, que em 2011
terminou o Brasileirão em 9° lugar com 56 pontos e que fez tudo errado tanto na
administração do clube e do estádio Engenhão, nas contratações e que não teve
apoio maciço de sua torcida (praticamente não tem sócio torcedores e péssima
média de público) além de ter um lucro no final do ano maior que o Coritiba
(outro time que usarei nesse exemplo), ficou apenas uma posição abaixo do Coxa
e com 1 ponto a menos. O time paranaense, desde que retornou para a primeira
divisão, tem feito todo o possível para manter uma postura profissional tanto
na administração do clube quanto na política de contratações e tem um dos
melhores planos de sócio-torcedor do Brasil. Enquanto um clube faz praticamente
tudo errado o outro trabalha no seu limite administrativo e financeiro de forma
correta e exemplar e no campo a diferença num campeonato de “pontos corridos” é
de 1 mísero ponto!!?? E é claro, este time também ficou distante de uma
possível luta por títulos ou vaga para uma Libertadores.
Num mundo ideal, onde um Campeonato de Pontos Corridos seja
realmente justo, ele deve começar com a distribuição dos valores vindos da TV
mais próxima possível do “igualitário” entre todos os 20 times da Primeira Divisão.
Somente um campeonato de mata-mata é capaz de fazer um
Londrina (1979) e um Operário-MS (1977) disputarem uma semifinal de Brasileirão.
Em um campeonato de “Mata-Mata” a justiça está em
democratizar a injustiça.
Marcio Alexander Luciano
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